Por Luciana Matos
Ora me sinto triste ora me pego com medo.
Hoje sou considerado grupo de risco de uma doença que desconheço, e muitas vezes estigmatizado, visto como aquele que a qualquer momento possa ser infectado e ter o quadro agravado. Perdi meus cuidados diários, as visitas presenciais e os afagos físicos que me revigoravam.
Pela minha idade e experiência de vida, nunca pensei que passaria por isso, mas eis que estou aqui, precisando da certeza de que não serei abandonado, apostando nas ligações frequentes e na certeza de que se algo acontecer, já existe um plano de ação que possa me auxiliar, nem que para isso, os vizinhos sejam acionados.
Além de tudo, já que minha rotina mudou e os meus afazeres foram limitados, peço que me ajudem a praticar e participar de novas tarefas, como por exemplo, artesanato, jardinagem, participar das conversas e decisões, e assim tornar meu dia mais preenchido.
Claro, tudo isso á distância, cada um em sua casa.
Sei das suas aflições e entendo a necessidade de se preocupar com a situação, mas minimizar essa imagem de sobrecarga irá me fazer sentir melhor e ativo a essas circunstâncias.
E aí, sabe quem sou eu?
– Sou um idoso, com muita histórias para contar!