O diálogo educa, liberta e fortalece vínculos - CLINICA BIOSER

O diálogo educa, liberta e fortalece vínculos.

Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza… Em fevereiro tem carnaval…
Mas, apesar de todas as riquezas, existe um lado obscuro e preocupante que contrasta com esses símbolos, e revela dados que chamam a atenção e colocam em risco a preservação da vida: 17 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, somente em 2019!

Tem noção do que esses números representam?

Culturalmente, vivemos numa sociedade em que pouco se fala sobre educação emocional e muito menos sobre educação sexual. Ou seja, duas áreas importantes que compõe nosso desenvolvimento e nossa existência enquanto indivíduo, defasadas.
Aproveitemos que somos seres pertencentes ao século XXI e façamos jus às evoluções que nos foram ofertadas, para que assim nos desvencilhemos de associações negativas que foram postas sobre sexo e sexualidade (pudor, vergonha, perversidade…) incluindo o não diálogo entre a família.
Ora, se não pode ser dito, então como estabelecer um processo educacional eficaz e seguro, onde os menores (filhos) dependem dos maiores (pais/ cuidadores) para aprender, esclarecer dúvidas, compartilhar fatos e tratar de curiosidades, de maneira natural, informativa e saudável?
Não se estabelece!
E com isso, vai se abrindo uma lacuna de problemas, com falta de recursos e informações que serviriam dentre outras coisas, para uma atitude de defesa ou identificação de um ato violento.

O diálogo educa, liberta e fortalece vínculos.

Use uma linguagem adequada a cada idade, aumentando a complexidade do assunto conforme a fase, mas não deixe de orientar sobre a importância de proteger o próprio corpo e sempre reforçar que nenhuma troca (seja envolvendo doces, brinquedos ou passeios), por mais interessante que seja, possa permitir o toque em seu corpo. É importante deixar claro que, pessoas que propõe esse tipo de acordo, não são confiáveis.
E, por fim, nunca force a criança a fazer o que não quer: abraçar o tio/ tia, dar beijo no amigo/ amiga do papai ou da mamãe, ir no colo do primo/prima e situações parecidas.
Ensine-a a dizer não e respeite suas vontades.

Conscientização contra a Obesidade Infantil - CLINICA BIOSER

Conscientização contra a Obesidade Infantil

Por Daniele Barion

Estudos revelam que o aumento mundial da obesidade infantil é um fato e existe uma necessidade urgente de tratarmos, levando em consideração que crianças obesas tendem a se tornar adultos obesos, e com isso, desenvolverem comorbidades físicas e psicológicas.
Ao iniciar o tratamento de obesidade em crianças e adolescentes, o primeiro passo é conseguir manter um peso adequado em relação à altura, ao mesmo tempo buscando garantir um crescimento e desenvolvimento saudável. Se necessário, pode-se seguir com um tratamento de perda de peso, considerando, claro, todos os fatores e variáveis de cada caso.
De acordo com pesquisas, com a velocidade de aumento de casos, se prevê que o número de crianças e adolescentes em idade escolar vivendo com obesidade suba para mais de 250 milhões até 2030.

Os números são significativos e precisamos dar a atenção necessária para o assunto.

A Asfixia pelo Luto - CLINICA BIOSER

A Asfixia pelo Luto

Por Luciana Matos

Não bastasse o estresse pelas alterações rotineiras, ainda somos convidados, sem possibilidade de recusa, a experienciar algo que sempre nos causou grande impacto e repulsa: “O Luto”.

Vejam:
I. A Realidade

Mortes por COVID 19; mortes por desigualdade social; mortes por preconceito; mortes por abuso de poder… Perdas reais e simbólicas, dor individual e coletiva.
Quantas projeções e identificações vivenciadas a cada fato e história compartilhada, quanta dor e indignação fomentadas dentro de nós.


II. O Luto

O luto faz parte do ciclo da vida: ganhar e perder. Porém, é o acontecimento vital mais sério e intenso que podemos experimentar.
A perda por morte é considerada a maior e última perda de todas. Maior, porque sobrepõe todas as outras perdas vivenciadas em nossas rotinas (projetos de vida não concretizados, rompimentos, objetos e oportunidades perdidas…), e última porque não é possível reaver ou substituir a pessoa perdida.
O processo de luto é um dos desafios mais complexos para o reequilíbrio psíquico. Primeiro, porque provoca choque, negação da realidade, defesa, ansiedade, culpa e raiva. Segundo, porque desencadeia aspectos de desorientação, medo, dor, sensação de angústia e vazio.
Alguns possuem melhor estrutura para enfrentamento desse impacto, passam pelos processos do luto, aprendem a assimilar a perda, se reintegram, se organizam e aceitam a viver novamente, mas outros necessitam de um tempo maior ou ajuda externa para avançar nas fases e se reintegrar.


III. A Asfixia

Independente do nível de capacidade de resiliência de cada um, a luta tem sido intensa. Experimentar a morte do outro sempre nos coloca a frente da nossa própria mortalidade e da certeza da nossa finitude, e inevitavelmente nos promove um momento de solidão, reflexão e insegurança, e hoje, devido as circunstâncias, estamos vivenciando tudo isso freneticamente, sem pausa suficiente para o processo de restauração e retomada da sensação de segurança.
Mas, apesar de bater em nossas portas uma sequência de notícias avassaladoras, e muitas vezes não termos autonomia para bloqueio, podemos e devemos minimamente amenizar esta realidade selecionando os canais nos quais queremos interagir aqui, fazendo prevalecer a prática da autocompaixão para nossa blindagem ou, pelo menos, uma estratégia de respiro para as próximas lutas, afinal, somos humanos.

Você Sabe Quem Eu Sou - CLINICA BIOSER

Você Sabe Quem Eu Sou?

Por Luciana Matos

Ora me sinto triste ora me pego com medo.

Hoje sou considerado grupo de risco de uma doença que desconheço, e muitas vezes estigmatizado, visto como aquele que a qualquer momento possa ser infectado e ter o quadro agravado. Perdi meus cuidados diários, as visitas presenciais e os afagos físicos que me revigoravam.
Pela minha idade e experiência de vida, nunca pensei que passaria por isso, mas eis que estou aqui, precisando da certeza de que não serei abandonado, apostando nas ligações frequentes e na certeza de que se algo acontecer, já existe um plano de ação que possa me auxiliar, nem que para isso, os vizinhos sejam acionados.

Além de tudo, já que minha rotina mudou e os meus afazeres foram limitados, peço que me ajudem a praticar e participar de novas tarefas, como por exemplo, artesanato, jardinagem, participar das conversas e decisões, e assim tornar meu dia mais preenchido.
Claro, tudo isso á distância, cada um em sua casa.
Sei das suas aflições e entendo a necessidade de se preocupar com a situação, mas minimizar essa imagem de sobrecarga irá me fazer sentir melhor e ativo a essas circunstâncias.

E aí, sabe quem sou eu?
– Sou um idoso, com muita histórias para contar!

O Sujeito Encapsulado pelo Medo - CLINICA BIOSER

O Sujeito Encapsulado pelo Medo

Por Luciana Matos

Estamos experienciando um momento inédito de muito medo, grandes incertezas e abundante ansiedade.

Todos esses sentimentos são compreensíveis ao caos coletivo e globalizado.
A ameaça é real e não devemos subestimá-la, entretanto devemos, incessantemente, nos esforçarmos para não alimentarmos o pânico e sermos tragados pelo medo.

O Medo é uma emoção básica, necessária e adaptativa. É ativado na presença de uma ameaça e gera comportamento de emergência no sujeito. Essa ativação é indispensável para o enfrentamento da situação e reestabelecimento do modo de vida.

O córtex frontal é o responsável pela formação e interpretação desse sentimento, que dependendo da valoração sobreposta poderá ser correta, exagerada ou subestimada.

Saudavelmente o organismo desse sujeito, em busca de proteção, estabelece estratégias embasadas em suas crenças e expectativas de enfrentamento: para alguns, ativos (contato/confronto) e para outros, passivos (evitação/fuga).
Seguramente, o grau de convicção arraigado nesse sujeito, quanto às habilidades e recursos para regulagem dessa emoção, determinará a condução dos sentimentos, que se inadequadamente fomentará alto nível de preocupação e consequentemente sensação exacerbada de mal-estar e reações improdutivas.

O momento é propício para melhorar a capacidade de empatia e compaixão, mas primordialmente a capacidade de autocompaixão, reconhecendo e acolhendo nossos sentimentos sem julgamento e autocrítica, com aceitação e motivação para agir com responsabilidade, considerando as ações preventivas determinadas pelos órgãos públicos.
Hoje o distanciamento físico é necessário e é a maior representação de mostrarmos que estamos perto. Manter contato com amigos e familiares, através dos meios tecnológicos, é fundamental, porque sempre precisamos uns dos outros e agora muito mais.

É importante também avaliar como cada um de nós pode contribuir para a diminuição do sofrimento emocional dos demais. Práticas meditativas são favoráveis e exercícios físicos também. Embora sujeitos únicos, somos pertencentes a esse trauma coletivo que se enfrenta com ações coletivas.